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A volta da produção em larga escala de carros com motor turbo ainda deixa muitas pessoas com dúvidas.
Como um modelo com motor 1.0 ou 1.4 turbo pode ter desempenho semelhante ao de um modelo 2.0 e ser ainda mais econômico?
Qual a diferença entre um motor turbo e um motor aspirado?
Encontre as respostas neste post!
Aqui você vai saber de onde surgiu o turbo, como funciona o turbo moderno, as diferenças entre o turbo e o aspirado e as dúvidas mais comuns quando se fala de motor turbo, confira:
De onde surgiu o turbo?
A invenção do turbo é mais antiga do que muitos pensam. A idéia de comprimir o ar antes de sua admissão nos cilindros do motor a combustão foi patenteada pelo engenheiro e pesquisador alemão, Gottlieb Daimler, em 1855.
Um pouco mais tarde, o suíço Alfred Büchi teve a brilhante ideia de aproveitar os gases do escapamento do motor para o funcionamento de uma turbina que, por sua vez, seria encarregada de realizar a compressão do ar, antes da admissão. Surgia assim, em 1905, o conceito do motor turbo utilizado até os dias de hoje.
A invenção de Büchi foi utilizada primeiramente em motores a diesel de meios de transporte maiores e mais pesados, como locomotivas, navios e aviões. Mais tarde, veículos de corrida também passaram a incorporá-lo para as competições. O turbo só equipou motores de carros de passeio em 1962, com o lançamento do Chevrolet Corvair Monza Spyder.
Àquela época, o sistema ainda se mostrava incipiente, com defeitos que acabavam por encurtar a vida útil do motor.
Na década de 70 e 80, novas adaptações tornaram a tecnologia mais confiável, incrementando a performance dos motores a diesel na Europa e EUA. Foi um momento em que se tornaram muito comuns nesses mercados. Entretanto a maior oposição ao turbo ainda estava presente, a demora existente entre a aceleração acionada pelo motorista e a resposta da turbina, o chamado “turbo lag”, mesmo em rotações mais altas. Foi por esse motivo que o boom dos motores turbos sofreu um arrefecimento.
O Turbo moderno
Com o tempo e com o aperfeiçoamento da tecnologia, a faixa de rotações em que a turbina funcionava ou respondia mais rapidamente foi abaixando sem, contudo, acabar de vez com o “turbo lag”.
No Brasil, o primeiro carro turbo de passeio foi o Fiat Uno i.e, lançado em 1994, equipado com motor turbo 1.3 de 118 cv. Foi um grande sucesso da Fiat que abriu espaço para outras produções como os Fiat Tempra e Marea Turbos e o VW Golf Turbo de 1997.
Já no início do século XXI quando as discussões sobre energia limpa, taxas de emissão de poluentes se tornaram mais fortes, a ideia do motor turbo passou a ser revisitada pelas montadoras e, a partir daí, as inovações tecnológicas transformaram os motores turbos, tornando-os novamente atrativos.
Downsizing
O princípio do downsizing/rightsizing, isto é, a busca pelo tamanho e estrutura adequada aos motores, com redução volumétrica para ganho de eficiência (esta compreendida como melhora do desempenho e também economia), passou a nortear vários projetos automotivos.
A readaptação da estrutura dos motores turbos, que se tornaram menores e com geometrias diferenciadas, o uso de materiais mais leves e modernos para redução da inércia dos componentes internos e o avanço do desempenho do próprio turbo, alguns com controle eletrônico, tornaram o sistema mais confiável, com ganhos em dirigibilidade. A própria evolução dos motores a combustão, como a injeção direta e os comandos de admissão e escape variáveis, ajudou a tornar o turbo mais confiável.
Em alguns modelos mais modernos e sistemas mais sofisticados, como a turbina elétrica da Audi e o PowerPulse da Volvo, a sensação do “turbo lag” foi completamente eliminada.
Atualmente no Brasil os carros de passeio com motor turbo mais conhecidos são o VW Up!, com o eficiente motor 3 cilindros 1.0 TSI, de 105 cv e nota A no PBEV, o Peugeot 208 1.6 THP Flex, o Hyundai HB20 1.0 turbo e o Ford Fiesta 1.0 Ecoboost.
Diferenças entre turbo e aspirado
Atualmente, a maioria dos motores é ainda aspirado.
No sistema aspirado, a entrada (admissão) da mistura ar e combustível no motor acontece naturalmente, à pressão atmosférica, com o movimento de descida dos pistões. Isso se traduz em um comportamento extremamente controlado e uniforme dentro da câmara de combustão que, na prática, reflete também em uma dirigibilidade uniforme e a sensação de uma progressão contínua do desempenho do carro pelo motorista.
Já nos motores turbo, o princípio é o mesmo criado pelo engenheiro suíço em 1905. Como falamos anteriormente, o ar não é naturalmente admitido nos cilindros, mas sim, previamente comprimido por um sistema que funciona à base dos gases do escapamento do motor. O sistema é mais moderno, já que mesmo com a redução da cilindrada, como o uso de motores 1.0, a eficiência volumétrica é maior, com maior admissão de ar, este já comprimido, resultando, de maneira prática, em maior potência.
Na maioria dos motores turbos, a sensação experimentada pelos motoristas é de uniformidade do motor, até a chegada da faixa de giros em que a turbina é acionada, quando há, então, o ganho de potência. Essa espera é o chamado “turbo lag”, que fica cada vez menor e já parte dos 1.500 giros em muitos motores modernos.
Os motores mais sofisticados, com controle eletrônico da pressão no sistema ou com tanque reserva de ar comprimido continuamente abastecido pelos gases do escape, o “turbo lag” foi praticamente eliminado e a sensação é de progressão da potência, sem espera.
Dúvidas comuns sobre o turbo
As dúvidas mais comuns sobre o turbo são sobre durabilidade do sistema e economia.
Durabilidade do sistema
A primeira delas é facilmente explicada, já que recai, basicamente, sobre os motores chamados preparados ou alterados, isto é, motores aspirados de fábrica que são transformados em turbo pela instalação posterior do sistema.
É bem comum o aumento dos custos de manutenção dos motores preparados, bem como a diminuição da vida útil das peças, já que, durante a adaptação, os componentes internos permanecem os mesmos projetados pela fábrica para o funcionamento apenas aspirado. O aumento considerável da pressão nos cilindros pela turbina instalada sobrecarrega o sistema original, provocando seu desgaste prematuro.
Um motor turbo de fábrica é projetado para suportar as cargas do sistema e passa por diversos testes de comprovação, sendo seguros e duráveis.
Economia
Os motores turbo, guiados corretamente, são notadamente mais econômicos que os aspirados. Mas não há um padrão exato da taxa de economia.
O consumo irá variar sempre em função do projeto da montadora, projeto esse cheio de variáveis como desenho do motor, material utilizado e todos os detalhes e complexidades de um projeto de engenharia, além da maneira de condução do motorista.
De maneira geral, especialistas calculam, como média, uma economia entre 20 e 30% no consumo de combustível dos carros turbo em relação aos aspirados.
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