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Já há mais de 10 anos o carro flex circula no país e até hoje algumas dúvidas e mitos incomodam alguns motoristas.
Desde que a tecnologia chegou ao mercado em março de 2003, com o VW Gol 1.6 Total Flex, as pessoas procuram saber se é possível misturar os combustíveis, se utilizar apenas um tipo de combustível vicia a bomba, se é preciso fazer rodízio etc.
Leia este post e tire suas dúvidas de uma vez por todas.
Primeiro: o que é exatamente um carro flex?
Um carro flex é aquele cujo motor funciona com qualquer proporção de gasolina e etanol armazenada em tanque único. Esqueça os motores bicombustível com tanques separados, o motor flex demanda apenas um tanque, que pode ser abastecido tanto com etanol quanto com gasolina, funcionando normalmente com a mistura dos dois.
Essa flexibilidade do motor só é possível graças à evolução da injeção eletrônica e da sonda lambda que detectam o tipo de combustível e coordenam a queima da mistura combustível e ar no motor.
Como a gasolina e o etanol precisam de temperaturas e quantidade de ar diferentes, bem como produzem queimas diferenciadas, é preciso que a sonda lambda detecte a mistura ou combustível presente no tanque e se comunique com a injeção eletrônica do carro. Basicamente, a sonda faz a leitura dos gases que saem do motor enviando sinal à central eletrônica para o ajuste da injeção. Uma programação eletrônica faz com que o motor sempre ofereça o melhor desempenho possível para a composição presente no tanque.
Mitos dos motores flex
Muitos mitos ainda rondam os motores flex. Já retiramos as preocupações quanto à mistura dos dois combustíveis e rebatemos o mito da existência de dois tanques separados, mas outras dúvidas ainda são comuns:
Primeiro abastecimento
Não se sabe de onde essa informação surgiu, mas algumas pessoas recomendam que o primeiro abastecimento do carro seja sempre com gasolina.
Essa recomendação, todavia, não tem lastro científico, pois, como vimos, o carro flex é projetado para ambos os combustíveis, sendo irrelevante o tipo de abastecimento para o bom funcionamento ou integridade do motor.
Ao abastecer, o software presente na central, na Unidade de Comando Eletrônico (ECU), será responsável por identificar o sinal da sonda lambda sobre a composição presente no tanque para o ajuste necessário da injeção, fazendo com que o motor funcione adequadamente seja com etanol, seja com gasolina, seja com a mistura.
Essa recomendação é, portanto, um mito.
Motor flex não funciona no frio
Outro mito que circula por aí é que o motor flex não funciona ou apresenta falhas no frio.
O que acontece, na realidade é que os motores a etanol ou, no caso, quando o motor flex é abastecido 100% com etanol, a partida do veículo pode ser afetada pela queda de temperatura, já que o álcool tem menor volatilidade.
Entretanto, desde que foi desenvolvido, o carro flex já contava com um sistema que contornava o problema, o conhecido tanquinho auxiliar com gasolina, utilizado na partida do veículo quando o etanol não se apresenta nas condições de temperatura adequada.
Atualmente, os modelos mais novos já possuem novo sistema que pré-aquece o etanol, excluindo a necessidade de tanquinho com gasolina.
Então o motor flex funciona sim, perfeitamente, seja no verão ou inverno.
Entre o Mito e a Verdade
Vício do motor e rodízio de combustível
Outra informação muito propagada é a de que o motor flex vicia em um combustível, sendo necessário, portanto, fazer o rodízio entre etanol e gasolina para que ele funcione perfeitamente.
Mais uma informação que merece ser ponderada.
Ora, se o motor é projetado para qualquer proporção entre os combustíveis, não há sentido em afirmar que o software ou a sonda vicie em algum combustível. Esses dispositivos são programados justamente para essa identificação e, portanto, não estão sujeitos a essa viciação, exceto por mau funcionamento.
O que pode acontecer é a adulteração do combustível provocar dano aos componentes da injeção e sensores, causando o mau funcionamento do sistema.
Alguns mecânicos recomendam o rodízio como forma de escapar à prolongada exposição dos componentes do motor aos poluentes ligados à adulteração de cada combustível, já que para serem adulterados, os produtos inseridos são diferentes entre o etanol e a gasolina.
Vale ressaltar, entretanto, que o procedimento não é comprovadamente eficaz em evitar a avaria nos componentes, sendo recomendada a manutenção preventiva do sistema e revisão periódica, conforme estabelecido nos manuais.
O cuidado fundamental será abastecer em postos de confiança e o rodízio talvez seja recomendado para reduzir os contaminantes no filtro de combustível.
Verdades dos motores Flex
Rodar um pouco ao trocar o combustível
O carro flex garante a facilidade de abastecer com os dois combustíveis, sem problemas ao adequado funcionamento do motor.
Mas é possível que o motorista prefira utilizar apenas um combustível, esperando o tanque esvaziar para um novo abastecimento, com outro tipo de combustível.
Nesses casos, algumas montadoras recomendam que os motoristas percorram no mínimo 5Km ou 15 minutos antes do desligamento do carro para que o novo combustível seja queimado, a nova composição de gases de escapamento seja identificada pela sonda lambda e que esta informe à central eletrônica (ECU) para novo ajuste.
Quando a troca dos combustíveis é completa, os sensores demoram um pouco mais para o ajuste do que a troca gradativa, que ocorre com maior frequência.
Fora dessa situação excepcional, a mudança de combustível praticamente não altera o funcionamento do veículo.
Cada combustível tem características próprias
Isso também é verdade e fácil de comprovar no dia a dia.
O etanol é conhecido por melhorar o desempenho em até 10%, em alguns modelos, com impacto tanto na velocidade máxima, aceleração e retomadas. Além disso, o álcool é menos poluente, entretanto, apresenta menor autonomia e maior gasto.
Já a gasolina tem como maior vantagem o fato de ter mais energia por litro, o que resulta em um consumo 30% menor que o etanol. A autonomia aumenta, mas com prejuízo do desempenho e aumento da poluição.
Na hora de abastecer, um cálculo ajuda o motorista determinar qual combustível é mais vantajoso economicamente: se a divisão entre o valor do etanol pelo da gasolina for menor que 0,7, vale a pena optar pelo etanol, se for maior, escolha a gasolina
O motor flex tem desempenho menor que o monocombustível
Essa afirmação também é verdadeira.
O motor flex foi especialmente projetado para se adequar tanto à gasolina quanto ao etanol, tendo os dois taxas de compressão e comportamentos diferenciados. Assim, o motor flex trabalha normalmente em uma taxa de compressão intermediária, ajustável a ambos os combustíveis.
Já o motor monocombustível é projetado para um combustível específico, observando suas particularidades com precisão, gerando melhor desempenho tanto em potência, autonomia e consumo, com prejuízo, entretanto, da opção por combustível diverso.
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